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VALE DE SÃO DOMINGOS, O VALE ESQUECIDO

19/05/2010 11:51

 

 

 

Um município esquecido pelo Poder do Estado tem em seus habitantes a punjancia, humildade e a esperança que um dia tudo vai melhorar. Desligado dos seus vizinhos, abandonado entre Pontes e Lacerda e Jaurú, perdido na poeira do tempo requer mais atenção para um povo trabalhador que insiste na busca dos melhoramentos que fora prometidos e nunca cumpridos. As obras licitadas para o asfaltamento de pouco mais de 100 kilômetros, que traria o desenvolvimento do município, não passam de alguns trechos de terraplanagem e uma placa anunciando sua inauguração para julho próximo. Região do gado leiteiro em pequenas propriedades parece viver no início do século passado, onde a mais nova tecnologia não passa das antenas parabólicas e de uns poucos caminhões que transportam o leite em meio às “estradas” poeirentas e mal cuidadas que circundam o município.

A palavra desenvolvimento sai pelas ondas das tevês enviadas pelas parabólicas e chegam às famílias como algo estranho as suas realidades. Vale de São Domingos, Máquina Queimada, tão perto e tão longe do Poder do Estado, que voam por cima de suas terras sem ao menos olharem para baixo. Ficando entre o nada ou quase nada, merece ser redescoberto pelos poderes constituídos deste século, trazendo-lhes mais esperanças de caminhar com dignidade.  

Foi neste contexto, que eu encontrei um Ser especial, o pequeno Luiz Fernando. Um menino de aproximadamente 11 anos, que num sábado atípico para sua pequena cidade viu a oportunidade demonstrar o seu talento de cantor para aquela comitiva que passava por lá. Foi para praça e circulou entre os seus habitantes ali aglomerados, almejando seu intento, procurou alguém que pudesse pedir para deixá-lo cantar, o que lhe renderia a grande oportunidade.

Conseguido seu objetivo, ali diante de todos entoou a sua canção com voz suave e segura. Cantou com afinação sem qualquer acompanhamento instrumental, ao final da sua apresentação, dirigiu-se a mim e disse que gostaria de ganhar um violão. Assim que teve a garantia de ter um violão, correu pra os abraços de sua mãe e chorou emocionado. Enfim, quem presenciou a cena tenho certeza que jamais vai esquecer-se desse momento emocionante. Onde um menino fez do seu canto a forma mais sublime de chamar atenção, e toda aquela gente olhasse para seu mundo, em meio aquele local tão esquecido.

Sai daquele pequeno vilarejo, com grande emoção por ter presenciado aquele momento, e no caminho de volta, me veio à inspiração. Por isso Luiz Fernando, resolvi através deste poema lhe fazer uma homenagem.

 

 

 

 

Luiz Fernando

Máquina Queimada

Vale de São Domingos MT.

 

 

Município de São Domingos

Localidade de Máquina Queimada

Um espaço perdido

No meio de quase nada

 

Um povoado esquecido

Difícil de se chegar

Uma estrada caminho

Não se tem como indicar

 

Uma praça, um barzinho

Uma igreja um caminhão

Uma poeira vermelha

Um pedaço de chão

 

Era um sábado iluminado

Era um dia de reunião

Um pequeno povo unido

Em uma grande emoção

 

Renovar suas esperanças

Daquilo que ainda não veio

A estrada da vida

E melhorar os seus meios

 

Promessas, não foram cumpridas

As esperanças de um novo poder

São novas expectativas

De a vida renascer

 

Lúcelio  Costa

 

 

Atenção: Permitida a reprodução, desde que citada a fonte

 

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