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VALE DE SÃO DOMINGOS, O VALE ESQUECIDO
Um município esquecido pelo Poder do Estado tem em seus habitantes a punjancia, humildade e a esperança que um dia tudo vai melhorar. Desligado dos seus vizinhos, abandonado entre Pontes e Lacerda e Jaurú, perdido na poeira do tempo requer mais atenção para um povo trabalhador que insiste na busca dos melhoramentos que fora prometidos e nunca cumpridos. As obras licitadas para o asfaltamento de pouco mais de 100 kilômetros, que traria o desenvolvimento do município, não passam de alguns trechos de terraplanagem e uma placa anunciando sua inauguração para julho próximo. Região do gado leiteiro em pequenas propriedades parece viver no início do século passado, onde a mais nova tecnologia não passa das antenas parabólicas e de uns poucos caminhões que transportam o leite em meio às “estradas” poeirentas e mal cuidadas que circundam o município.
A palavra desenvolvimento sai pelas ondas das tevês enviadas pelas parabólicas e chegam às famílias como algo estranho as suas realidades. Vale de São Domingos, Máquina Queimada, tão perto e tão longe do Poder do Estado, que voam por cima de suas terras sem ao menos olharem para baixo. Ficando entre o nada ou quase nada, merece ser redescoberto pelos poderes constituídos deste século, trazendo-lhes mais esperanças de caminhar com dignidade.
Foi neste contexto, que eu encontrei um Ser especial, o pequeno Luiz Fernando. Um menino de aproximadamente 11 anos, que num sábado atípico para sua pequena cidade viu a oportunidade demonstrar o seu talento de cantor para aquela comitiva que passava por lá. Foi para praça e circulou entre os seus habitantes ali aglomerados, almejando seu intento, procurou alguém que pudesse pedir para deixá-lo cantar, o que lhe renderia a grande oportunidade.
Conseguido seu objetivo, ali diante de todos entoou a sua canção com voz suave e segura. Cantou com afinação sem qualquer acompanhamento instrumental, ao final da sua apresentação, dirigiu-se a mim e disse que gostaria de ganhar um violão. Assim que teve a garantia de ter um violão, correu pra os abraços de sua mãe e chorou emocionado. Enfim, quem presenciou a cena tenho certeza que jamais vai esquecer-se desse momento emocionante. Onde um menino fez do seu canto a forma mais sublime de chamar atenção, e toda aquela gente olhasse para seu mundo, em meio aquele local tão esquecido.
Sai daquele pequeno vilarejo, com grande emoção por ter presenciado aquele momento, e no caminho de volta, me veio à inspiração. Por isso Luiz Fernando, resolvi através deste poema lhe fazer uma homenagem.
Luiz Fernando
Máquina Queimada
Vale de São Domingos MT.
Município de São Domingos
Localidade de Máquina Queimada
Um espaço perdido
No meio de quase nada
Um povoado esquecido
Difícil de se chegar
Uma estrada caminho
Não se tem como indicar
Uma praça, um barzinho
Uma igreja um caminhão
Uma poeira vermelha
Um pedaço de chão
Era um sábado iluminado
Era um dia de reunião
Um pequeno povo unido
Em uma grande emoção
Renovar suas esperanças
Daquilo que ainda não veio
A estrada da vida
E melhorar os seus meios
Promessas, não foram cumpridas
As esperanças de um novo poder
São novas expectativas
De a vida renascer
Lúcelio Costa
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